O lado obscuro das revistas de impacto
Todo cientista sonha em escrever um trabalho de pesquisa inovador. Talvez a descoberta de uma nova forma de carbono, supercondutores de alta temperatura ou fusão à temperatura ambiente. Os principais periódicos querem esses trabalhos também, já que um destaque como esse atrai mais leitores e mais citações. Ninguém quer reduzir o avanço da ciência, mas o desejo por manchetes também tem um efeito colateral preocupante - o efeito midiático.
Notícias: Descobertas ou Exagero? Os principais periódicos, como Science, Nature e Cell, às vezes são acusados de promover conteúdos de pesquisas para tornar os artigos mais significativos do que realmente são. Qualquer um que tenha folheado revistas em uma banca de jornal sabe aonde isso poderia levar - manchetes escabrosas na capa, respaldadas pelo conteúdo interno frágil. O perigo vai além da deturpação da importância de um artigo; autores podem ser tentados a ir além do exagero em pesquisas superficiais que podem distorcer a ciência ou mesmo se aventurar na fabricação de dados. A revisão por pares deve impedir isso, mas muitas vezes não acontece. "Buckyballs" e supercondutores cerâmicos de alta temperatura eram reais, mas a temperatura ambiente não era. Nenhuma das alegações mostrou que as células-tronco foram produzidas a partir de embriões humanos clonados, embora a Science tenha feito disso um artigo de capa em 2005. Esse artigo se revelou uma fraude e foi recolhido, mas somente após quase dez anos.
A autorregulação é então um mito? A autorregulação nunca funcionou nos negócios. A natureza humana sempre pode encontrar razões para explicar por que as bolhas do passado não têm relação com os tempos de prosperidade do presente, e os envolvidos marcham alegremente em direção ao precipício. Há razões para pensar que a autorregulação funcionará melhor em pesquisa e publicação científica? Talvez. Um recente ganhador do Prêmio Nobel anunciou que está farto das declarações em revistas de luxo e não publicará mais nelas. Ele acha que os periódicos de acesso aberto são a melhor opção (ele edita vários), já que eles não cobram dinheiro dos leitores e não têm os mesmos incentivos para chamar a atenção com publicidade exagerada.
O que podemos fazer? Embora a maioria de nós não possa editar um periódico de acordo com nossos padrões, todos nós podemos divulgar os periódicos que não atendam aos padrões. Se um número suficiente de pessoas escrever blogs e postar reclamações, a idéia se espalhará para a comunidade científica. Quando os autores começam a boicotar os periódicos chamativos em favor daqueles com menos propaganda e mais conteúdo, podemos ver os periódicos sofrendo a autorregulação.
Mas na verdade quem não quer publicar nessas revistas? Mas vale pensar um pouco no interesse por propaganda exagerada...