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Orientador de pós-graduação


orientador de pos graduação
A pós-graduação

Quais são os ingredientes da receita para um relacionamento saudável na pós graduação?


Décadas atrás, essa relação orientador-pós graduando baseava-se na autoridade do mestre sobre o discípulo. A relação era uma espécie de ditadura onde o pós-graduando tinha que seguir qualquer pequeno desejo ou sugestão do orientador. O orientador era um sobre-humano que possuía todo o conhecimento e sabedoria, e o orientando era obrigado a fazer o que este mandava sem qualquer discussão.


Isto não acontece hoje, pelo menos esperamos. Anteriormente, a autoridade do orientador baseava-se na suposta posse de todo o conhecimento e na dependência quase absoluta de suas decisões. Ora, vivemos numa sociedade onde o acesso ao conhecimento é quase ilimitado e a preponderância do orientador sobre o orientando baseia-se fundamentalmente na experiência mais do que no acesso ao conhecimento. Concorda?


Além disso, quando se inicia uma relação orientador/aluno, há necessidade de combinar duas vontades, para atingir um único objetivo. Este objetivo está geralmente vinculado a um projeto de pesquisa e geralmente conduz a uma tese de mestrado/doutorado e um artigo a publicar. Antigamente a tese era suficiente.


Mas hoje a tese não basta, devemos adicionar a isso. Dessa relação crescem outros frutos, como artigos em periódicos, trabalhos em conferências, patentes e colaborações com outros grupos de pesquisa, alguns deles no exterior.

Para que essa relação funcione bem, devem existir regras que garantam que esta corresponsabilidade se torne uma relação positiva e duradoura. Quando você acredita que sua tese é boa ou ruim por causa do orientador ou vice-versa, é porque as normas de convivência não foram seguidas. Os dois são responsáveis por um bom trabalho...


Vamos aos conselhos para uma relação saudável:


1. Uma relação entre iguais. O orientador, desde o primeiro dia, deve estabelecer uma relação pessoal de respeito mútuo. Você respeitará o orientador (que geralmente é mais sábio e mais velho), mas partindo da realidade de que se trata de uma relação entre iguais. O respeito mútuo deve ser a base do relacionamento.


2. Inspiração e novas idéias. O orientador deve ser fonte de inspiração e criação de idéias. Mas também, você deve procurar conhecer o estado da arte em sua área que lhe permita propor caminhos alternativos no processo criativo. Você deve gerar, desde o início, ideias que enriqueçam o seu trabalho.


É normal que as ideias venham do orientador. Normalmente, quando o primeiro contato é estabelecido, este já tem uma linha de pesquisa em andamento estabelecida, muitas vezes com financiamento para o projeto. Mas a ideia deve ser assumida por você como sua, e você deve se esforçar para expandir as possibilidades do trabalho por meio de suas próprias contribuições.


3. Financiamento. O orientador deve proporcionar todos os meios necessários para a realização de seu trabalho em termos financeiros. Ao mesmo tempo, você fará todos os esforços para que o trabalho evolua para atingir os objetivos definidos e para aproveitar tudo o que lhe foi colocado nas mãos.


4. Progresso do trabalho. O orientador deve acompanhar o andamento do trabalho em todos os momentos. Você deve ajudar a encontrar soluções para os problemas aparentemente insolúveis que certamente surgirão no caminho.


No atual ambiente de pesquisa, se um orientador não tiver tempo para supervisionar adequadamente os alunos de mestrado/doutorado, a atividade de orientação deverá ser redefinida. Além disso, você deve colocar todo o esforço e energia para tentar resolver os problemas sozinho antes de discuti-los com o orientador.


5. Cooperação. O orientador se tornará o primeiro aliado (parceiro, associado) na execução de sua tese. E você deverá procurar o orientador sempre que houver algum problema ou contingência relacionado ao trabalho. A base da cooperação é a comunicação. É normal você tente não incomodar, embora na maioria das vezes o orientador consiga resolver o problema mais rápido do que qualquer outra pessoa. Tanto o orientador quanto o orientando devem considerar a relação como um trabalho em equipe.


6. Incentivo. O orientador deve sempre incentivar (na melhor atitude positiva), principalmente naqueles momentos em que as coisas não saem como o esperado.


Muitos desastres podem ocorrer durante o trabalho de mestrado/doutorado. Já ouvi frases do tipo: “Vou abandonar a tese”. “Este é meu último dia – não aguento mais!” Nestes momentos, o orientador deve ser a primeira pessoa a incentivar o aluno a continuar, a manter o bom humor e a ajudar a reavivar o interesse e o entusiasmo para continuar com o trabalho de tese. Um supervisor deve ser o treinador, não apenas no sentido acadêmico. Quando as coisas dão errado, você muitas vezes pensa que seus problemas incomodam o orientador; isso não é verdade na maioria dos casos, e o orientador é o primeiro e o melhor aconselhador.

7. Gestão de divergências. Você discutirá com o orientador qualquer possível divergência de critérios que possam surgir no desenvolvimento do trabalho. As decisões serão fruto de discussão prévia.


Às vezes, surgem divergências porque alguém falha: o professor na orientação ou o aluno na execução. Nesses casos, antes de iniciar a discussão, o primeiro passo deve ser a comunicação, tentando explicar o que aconteceu.


O não cumprimento da resolução de divergências gera uma grande desconfiança que pode culminar numa atitude hostil mútua que, por sua vez, pode fazer a pós-graduação fracassar.

8. Transferência de conhecimento. Você deve estar ciente de que ao aceitar a supervisão do orientador, torna-se um elo essencial na propagação do conhecimento previamente acumulado pelo orientador. O orientador tentará colocar todos os seus esforços para dar relevância internacional ao seu trabalho, que também é o trabalho dele.


Na sociedade atual, a transferência de conhecimento é mais importante do que nunca. Isso pode ser feito por meio de artigos científicos, patentes, spin-offs – e a divulgação científica hoje é uma necessidade. Tarefa essa mais fácil agora graças às redes sociais. Mesmo quando se utiliza as redes sociais para interesse próprio, os cientistas com elevado impacto nas redes sociais são mais citados nas métricas acadêmicas, de acordo com um estudo da PLOS One.


9. Projeção profissional. O orientador deve estar ciente de que você está colocando nas mãos dele vários anos de sua vida, em seu momento de maior esplendor físico e intelectual. O orientador buscará a maior projeção profissional que puder proporcionar a você e ao seu trabalho de tese.


Um pós-graduando bem encaminhado é a melhor forma do orientador garantir futuras colaborações científicas e futuros projetos. Vocês devem ser parceiros.

10. Relacionamento para toda a vida. O orientador, a partir do momento em que aceita o orientando, deve ser seu mentor. E você deve esperar e pedir conselhos e ajuda para o desenvolvimento de sua carreira profissional também. Às vezes isso não acontece.


Se orientador/orientando forem pessoas inteligentes (o que se supõe que sejam), tentarão manter, para sempre, esta relação mentor/orientando de forma sadia. Se a relação for de igualdade desde o início, com o passar dos anos será ainda mais igualitária. Esse tipo de relacionamento se espelha a um casamento que deverá ser bem sucedido, pois vocês conviverão por muito tempo durante o processo de execução, escrita e defesa da tese. E essa boa relação pode ser uma das melhores formas de enriquecer a vida pessoal de ambos 😊 . 

Fonte citada:




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