A Inteligência artificial e as revistas científicas
- Flavia Pinheiro Zanotto

- há 5 dias
- 2 min de leitura

Você sabe como os periódicos científicos estão lidando com o uso de IA na escrita científica?
A tendência atual é permitir o uso de IA, mas com transparência total. Quer dizer, você precisa reportar que usou e em que aspecto: se na melhora no inglês, na gramática, ou no fluxo do texto. E por isso, as revistas exigem a declaração formal de uso, geralmente na seção de métodos ou agradecimentos.
O que as revistas não aceitam de modo algum é o uso em decisões científicas críticas, como gerar dados ou interpretar resultados. Também proíbem o uso da IA como autoria do artigo. Essa é uma posição unânime em editoras como Elsevier, Springer, Wiley, Nature Portfolio, IEEE, JAMA etc.
Veja como você pode declarar em seu artigo:
“O autor utilizou ferramentas de IA (ChatGPT, versão X) para auxílio na revisão linguística e organização textual. Nenhum conteúdo científico, análise ou interpretação foi gerado pela IA.”
Quais são as boas práticas para uso responsável de IA na escrita científica?
✔ Use a IA como apoio, não como substituta
A IA ajuda a melhorar a redação, resumir ideias, organizar estrutura. Você é responsável pelo conteúdo.
✔ Não confie em referências geradas automaticamente
Sempre verifique DOIs, títulos e autores.
✔ Valide toda informação técnica
IA pode sugerir metodologias incorretas e alucinar.
✔ Documente e declare o uso da IA
Isso aumenta rigor e transparência.
✔ Não envie dados sensíveis ou manuscritos sigilosos
Especialmente em plataformas públicas.
✔ Priorize ferramentas de IA auditáveis e seguras
Muitas universidades já disponibilizam modelos privados para os pesquisadores.
E quais são os impactos do uso de IA na ciência?
Acesso democratizado à escrita científica
Redução de barreiras linguísticas
Aumento da produtividade
Melhoria da qualidade textual
Apoio a pesquisadores iniciantes
Mas veja bem os riscos e reflita:
Os textos se tornam padronizados demais e dá para perceber. A parte analítica da escrita também fica superficial. Os textos científicos se tornam homogêneos, os argumentos "pasteurizados" e os estilos individuais desaparecem.
A criatividade fica reduzida e se você passa a depender da IA para escrever, complica mais ainda.
Mesmo sem intenção, a IA pode reproduzir frases próximas demais de textos reais ou copiar estruturas de parágrafos, o que é plágio!
Qual o problema? Isso pode levar a acusações de má conduta, mesmo quando o autor não percebe a similaridade.
A inteligência artificial é uma grande aliada da escrita científica, desde que usada com rigor, transparência e espírito crítico. Ela representa uma revolução comparável ao surgimento dos editores de texto ou da internet — mas exige responsabilidade e capacitação.
💎 Sabemos que a ciência depende da diversidade intelectual, e a padronização excessiva é uma grande ameaça.




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